domingo, 9 de janeiro de 2011

O Mundo (não mais) Silencioso de Jacques Cousteau

Por Tatiana Maria


Jacques Cousteau – ídolo de dez entre dez mergulhadores que realmente apreciam os oceanos e a história da invenção do equipamento que revolucionou o mergulho – certa vez disse algo inspirador:

"O mar é tudo. Ele cobre sete décimos do globo terrestre. É um imenso deserto, onde o homem jamais está sozinho, pois sente a vida fervilhando por todos os lados. O mar é apenas a face material de algo sobrenatural e maravilhoso. Ele é o lugar em que eu me sinto livre!"

Infelizmente, esta liberdade está ficando cada vez mais rara, tanto para mergulhadores quanto para seus objetos de admiração nos mares: golfinhos, baleias e outros animais marinhos que dependem de sons para se comunicar e, enfim, para sua sobrevivência. O mar está se transformando em um caos de sujeira de tudo o que é tipo.

Imagine você sendo obrigado a escutar um Ipod com amplificador nas alturas de 100 dB (espero que você leia esse mero detalhe antes de dizer que conseguiria fazer isso sem esforço algum)! Escutar tamanho barulho muito provavelmente seria insuportável, causando problemas seríssimos à sua saúde auditiva.

O mesmo acontece com as criaturas marinhas, com um agravante explicado pelas leis da física: o som se propaga muito mais rápido e eficientemente pela água do que pelo ar! E isso é uma faca de dois gumes: tanto facilita a comunicação de longa distância entre animais de mesma espécie, quanto pode causar um verdadeiro rebuliço debaixo d'água.

Ultimamente, para a nossa infelicidade, a segunda situação acima citada tem sido verificada com muita frequência: o tráfego cada vez mais intenso de transportes flutuantes, assim como a instalação de outros dispositivos nos mares vem causando uma grave poluição sonora nos ambientes marinhos, perturbando, agredindo e, por fim, reduzindo o hábitat da fauna que vive lá.

Primeiro, é bom esclarecer que muitos animais "falam" através de sons (já ouviu o canto de uma baleia?), e os utilizam para se alimentar, se agrupar, acasalar, migrar, entre outras atividades. Com o barulho dos sonares de navios, das turbinas de vento e fazendas pesqueiras, os sons se misturam e vira tudo uma tamanha confusão! Resultado: mensagem enviada por um golfinho, mas não recebida pelos outros.

Além disso, às vezes o barulho causado é tanto que muitos mamíferos morrem por hemorragia nos ouvidos (lembre-se do Ipod no seu ouvido).

Por último, os animais incomodados e desorientados pelo barulho tendem a se relocar de lugares onde normalmente habitam para outros, que por sua vez também serão atingidos pela poluição sonora... e ao bom entendedor, meia palavra basta.

Sinceramente, não acho que essa situação possa ser eliminada. Amenizada, talvez. Porém acredito que hoje mostrei uma das poucas situações que não podem ser revertidas dentro desse cenário devastador.

Por outro lado, se podemos ajudar a melhorar as condições dos mares, praias e ambientes de água doce com simples atitudes jogar o lixo em seu devido lugar já é algo notável –, nós temos o dever de fazê-lo! Porque, por mais clichê que possa parecer, a Terra é a nossa casa.

Até a próxima!

Fonte: National Geographic Brasil; Planeta Sustentável; Revista Superinteressante

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