sábado, 15 de janeiro de 2011

Como funcionam as correntes marinhas? - Parte II

Por Tatiana Maria


A importância da circulação oceânica para os seres marinhos

Você certamente assistiu ao filme Procurando Nemo, um dos grandes sucessos da Pixar, protagonizado por Marlin, um peixinho-palhaço que passa por poucas e boas para reencontrar seu filhote, Nemo, que se perde depois de ir além das fronteiras do recife onde vivia. Se for fã da animação, se lembrará das tartarugas surfistas que ajudaram Marlin em sua empreitada na imensidão azul:

– Eu tenho que chegar na Corrente Leste Australiana, CLA.

– Tu tá neeela, irmão!

Atrás de Marlin e Crush, a tartaruga do surf, milhares de outras tartarugas seguindo o caminho das correntes para chegar ao seu destino! As tartarugas, assim como inúmeras outras espécies de animais marinhos, pegam carona nas correntes para migrar e se espalhar pelo globo. Inclusive alguns animais microscópicos que constituem a base da teia alimentar aquática (fito e zooplânctons) dependem destes movimentos de massas d'água para se locomover, já que plâncton significa errante – isto é, eles vivem ao sabor das correntes, sem ter meios próprios para sair nadando por aí.

As correntes oceânicas também são essenciais à diversidade marinha: graças às correntes Kuroshio e Sakhalin, o litoral do Japão – aglomerado de mais de 5 mil ilhas – é dono de uma espetacular variedade de comunidades marinhas: a colisão entre estas correntes (quente do Sul e fria do Norte, respectivamente) gera temperaturas bastantes distintas (de -1 a 30ºC) ao longo de toda a costa, fazendo com que ecossistemas diferentes surjam naqueles locais!

Outro fenômeno oceanográfico bem relevante para os seres vivos é a ressurgência, também chamada de afloramento ou upwelling: um movimento vertical de porções d'água, que acontece quando as águas profundas e frias, normalmente ricas em nutrientes, afloram em regiões menos profundas do oceano! Nesses lugares, é comum a explosão da vida marinha, já que os nutrientes trazidos à tona pelas águas ressurgentes alimentam os já citados plânctons, que então servem de alimento a crustáceos, moluscos, peixes, entre outros. O surgimento de vida em abundância nesses locais faz com que eles se tornem fortes centros pesqueiros, como a costa do Peru, banhada pela corrente marítima peruana.

Eis os magníficos papéis que as correntes marinhas desempenham na Terra há milhões de anos! Porém... já há algumas evidências de que as mudanças climáticas em curso estão perturbando este equilíbrio natural, com o risco de alterar os padrões da circulação oceânica de escala planetária.

Saiba o porquê no próximo e último post da série!

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Como funcionam as correntes marinhas? - Parte I

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